I.
Assustada ela se pôs sentada na cama, o relógio de mesa de cabeceira indicava ser 02:30 da manhã, tivera aquele sonho novamente. Estava assustada e com sede, mesmo a contra-gosto se levantou e desceu até a cozinha para pegar água, a casa estava silenciosa todos dormiam, o tic-tac do velho relógio na sala era a única coisa que se ouvia alem dos corredores escuros da grande casa, ela andou cautelosamente para não acordar ninguém não queria correr o risco de levar uma bronca por estar acordada as duas da manhã. Ela bebe água o que á ajuda a se acalmar um pouco e então retorna a seu quarto que fica no fim do corredor do segundo andar, suas janelas dão de frente para a densa floresta de carvalho remota não se sabe desde quando.
Conforme sobe as escadas o tic-tac vívido do grande relógio vai dando lugar a um surdo silêncio onde mal se escuta o som de sua respiração do topo da escada ela observa a porta do seu quarto e um arrepio lhe sobe a espinha ela havia deixado a porta de seu quarto aberta ao sair e agora a mesma estava fechada e ela tinha a sensação de que não estava sozinha, na ponta dos pés como quem não quer acordar ninguém ela vai se aproximando do quarto atenta ao silêncio ela presta atenção a porta para ver se há algum indicio de algo ou alguém por ali, ela gira a maçaneta de ferro e empurra a porta o quarto esta escuro ela permanece alguns segundos parada decidindo se acende ou não a luz, por fim opta por acender, a luz bate em seus olhos fazendo-os se fechar por alguns instantes não há nada ali a não ser seu medo então apaga a luz e se deita novamente em sua cama fecha os olhos e novamente de um susto se coloca sentada. Há alguém embaixo de sua cama.
II.
A manhã estava fria e cinzenta as nuvens que se via acima das copas das arvores pela janela mostravam que a chuva não tardaria a chegar o relógio em formato de Mickey na mesa de cabeceira mostrava 06:30 da manhã estava na hora de levantar, seus pais logo estariam em pé, era começo das aulas primeiro dia na quinta série. Lydia era alta demais para uma criança de 12 anos e apesar de ser inteligente e boa aluna seus professores sempre reclamara que era muito distraída, silenciosa e assustada ela não tinha amigos e nem fazia questão de ter, gostava de ficar só. Ao se levantar da cama ela levou um susto, os quarto estava todo bagunçado, havia marcas de arranhões no chão, o lençol estava rasgado e o chão manchado se não parecesse loucura ela diria que era sangue, uma batida forte na porta a assustou.
“Lydia querida levante-se já esta na hora." – ela reconheceria aquela voz em qualquer circunstância era sua mãe, Elena.
“Já vou mãe!" – ela gritou de dentro do quarto tentando não demonstrar o medo que estava sentindo pela cena do local.
Elas quase não se viam sua mãe trabalhava até tarde e ela ficava com seu pai, o único momento delas juntas era de manhã quando sua mãe aprontava o café e a deixava na escola, depois Lydia só a via novamente no dia seguinte era assim a rotina das duas desde sempre. Ela tentou ajeitar tudo o que pode para não se atrasar, cobriu a mancha com um tapete, daria um jeito nela mais tarde quando voltasse da escola arrumou-se rapidamente e desceu.
“Bom dia mãe." – ela disse o mais normal possível, para que sua mãe não percebesse o quão assustada ela estava, afinal como iria explicar a bagunça do quarto quando nem mesmo ela sabia não se lembrava de absolutamente nada a única coisa que sentia era aquela sensação ruim de algo não estava certo. – "cadê o papai?”
“Já saiu querida." – respondeu sua mãe sorridente até demais, a mãe era sempre animada de manhã mas a forma como ela o olhou fez com que Lydia se sentisse com medo, involuntariamente um arrepio subiu a sua espinha e uma medo lhe invadiu. – "Está tudo bem querida? Você parece pálida."
“Estou sim mãe." – tentou dar um sorriso para disfarçar.
“Querida você terá que voltar sozinha hoje, seu pai não poderá buscá-la ele tem uma reunião no serviço e não tem hora para chegar, ok?" - Lydia apenas assentiu com a cabeça. Terminou seu café e ambas saíram.
III.
A chuva prometida de manhã despencava sobre a cabeça de todos, já fazia quarenta minutos que acabara a aula e ela estava ali sentada apenas esperando acalmar para ir pra casa. Enquanto espera tentou se lembrar do que acontecera na noite anterior, mas se lembrava de muito pouco. Madrugada. Corredor. Escuro. Alguém. Cama. Monstro. Ela então se pôs em pé, era vago mas se lembrava de algumas coisas, se lembrara de levantar a noite para beber água e se lembrara da sensação de não estar sozinha, e de ter um monstro embaixo da cama. Aquilo não a deixou bem e saber que ela ficaria sozinha em casa não se sabe ate que horas não melhorou a situação.
Ela estava tão perdida em pensamentos que nem percebera que a chuva passara, fora despertada por um grandalhão que batera nela ao passar ela levantou-se pegou suas coisas e seguiu para casa quando chegou uma leve escuridão já tomava conta das ruas, a casa estava toda escura e enquanto subia as escadas da entrada aquele medo que á acompanhara durante o dia tomou conta dela novamente. Ela estava sozinha. Só ela e o monstro.
Ela abriu a porta e observou por alguns segundos entrou e a fechou a rapidamente ascendeu todas as luzes da casa seus pais ainda não haviam chegado, subiu ajeitou toda a bagunça do seu quarto, jogou o lençol fora e eliminou a mancha jantou e foi para a sala assistir TV. Foi só então que percebeu a pasta de trabalho de seu pai na poltrona no canto, “mas ele nunca sai sem a pasta” ela pensou consigo mesma, nesse instante um barulho de algo pesado caindo ao chão veio do andar de cima, era o monstro ela pensou e agora o que faria estava sozinha não tinha pra quem ligar nem para onde correr, outro barulho dessa vez mais forte e ela se encolheu no sofá. Escuridão, a luz acabou. Ela permaneceu parada por alguns segundo acostumando os olhos a escuridão mal respirava um silêncio surdo invadiu a casa. Outro barulho. Um grito.
IV.
Um barulho alto e agudo invade sua cabeça, ela vai acordando aos poucos e percebe que esta caída no chão do quarto, toda machucada e ensanguentada sua cabeça dói como se tivesse levado uma pancada havia varias pessoas a sua volta todos falavam ao mesmo tempo mas Lydia não conseguia ouvir nada se sentia enjoada e confusa seu corpo doía como se tivesse despencado de uma arvore ao vira a cabeça ela percebeu que estava ao pé da escada havia cacos de vidro para todo lado, tinha sangue, estava tudo uma bagunça, sua mãe iria ficar muito brava quando visse aquilo ela ate poderia lhe dar uma boa explicação se soubesse o que havia acontecido, talvez alguma daquelas pessoas pudesse lhe dizer.
“ELA ESTA VIVA!” – ouviu alguém gritar atrás dela, quando tentou se mover, uma dor insuportável tomou conta dela, não conseguia mover as pernas foi então que notou que havia uma faca cravada na barriga. Então ela gritou.
“Meu Deus o que aconteceu?” ela se perguntou, porque tinha uma faca em sua barriga? Onde estavam seus pais? Ela estava começando a ficar desesperada, mas não conseguia fazer mais nada a não ser gritar. As pessoas a sua volta estava alvoroçadas e com pressa de relance ela via uma frase na parede. Era sua letra. Ela a reconheceria em qualquer lugar.
Foi levada para fora da casa numa maca pelos paramédicos, haviam ainda mais pessoas do lado de fora policiais, paramédicos, vizinhos conhecidos, pessoas desconhecidas, jornalistas, por que jornalistas? Ela não estava entendendo nada e a dor que sentia a impossibilitava mais ainda de entender. Do lado de fora eles pararam a maca para abrir as portas da ambulância ao seu lado esquerdo havia outras duas macas com uma espécie de saco preto em cima, ela já vira aquilo em algum lugar, mas onde? Do lado direito haviam pessoas com olhares horrorizados, a olhavam como quem olha um monstro. Monstro. Essa palavra lhe trazia uma vaga lembrança de algo, a frase na parede, o que dizia mesmo, mas ela não teve tempo de pensar, alguém falou baixinho atrás dela, na esperança de que ela ou qualquer outro não ouvisse, mas ela ouviu.
“O que aconteceu exatamente?" – perguntou alguém.
“Não se sabe ainda, mas parece que ela os matou." – respondeu outra, um tanto quanto assustada.
Ela quem? Matou Quem? Onde estava seus pais? Os paramédicos a colocaram na ambulância e as portas se fecharam. Era só ela e o silencio.
Epilogo
Um mês depois...
Ela caminhava lentamente em direção ao carro a sua frente sua perna havia quebrado em três lugares a facada por pouco não lhe perfurara um rim, ela ainda mancava, “ela é nova, ao passo que for crescendo vai melhorar, quando alcançar os quinze não terá nenhuma sequela” dissera o medico ao homem que a acompanhava, o mesmo que estava com ela naquele exato momento. Lydia olhou para o carro e o motorista lhe pareceu impaciente ela ate caminharia mais rápido mas sua condição não lhe permitia.
Um mês havia se passado desde o ocorrido e para ser sincera ela ainda não sabia muito bem o que havia acontecido, só sabia de uma coisa, seus pais estavam mortos o culpado? Ela. Passara o mês todo respondendo a interrogatórios sem fim e iguais, eram pessoas diferentes mas as perguntas eram sempre as mesmas o que havia acontecido? Era o que todos queriam saber ela dissera a todos a mesma coisa “eu não me lembro”, o que era uma verdade Lydia não se lembrava de nada, não fazia ideia do que tinha acontecido, só se lembrava de uma coisa a frase escrita por ela na parede da sala, por fim ela já estava cansada de tantas perguntas sem respostas.
Um manhã um homem apareceu no quarto em que estava no hospital local ele falou varias coisas e cuspiu as mesmas perguntas a qual Lydia era confrontada todos os dias ela apenas o observou não disse uma palavra ele parecia irritado e se não tivesse mais pessoas no quarto Lydia podia jurar que ele seria capaz de lhe bater se não dissesse algo ela então virou o rosto para parede.
“Eu matei o monstro." – foi tudo que afirmou.
No mesmo dia ajeitaram sua transferência, fora mandada a um centro de jovens infratores, era o que ela ouvira dos funcionários do hospital. E ali estava ela caminhando a passos lentos para sua transferência ela entrou na parte traseira do carro era de um cinza descascado por dentro, fora algemada ao banco ela apenas observou, no radio do carro um jornal local dava uma noticia que ela foi escutando enquanto o carro se afastava do local.
“Bom dia moradores de Windsor, não está uma manhã gloriosa? E para você que ainda quer saber os últimos detalhes do caso da menina Lydia Lewis, está conectado a radio certa hoje daremos os últimos detalhes do caso não é mesmo Brad? Bom dia alias.” – o homem por trás daquela voz que parecia mais estar apresentando um programa infantil sorriu enquanto falava.
“Bom dia Tom é isso mesmo esta manhã recebemos os últimos detalhes desse caso que parou a nossa cidade no ultimo mês.”
“Nos conte o que houve Brad.” – Lydia já estava se irritando com a voz daquele homem.
“Segundo o delegado MacCall a jovem vinha sofrendo abusos do próprio pai, o que provavelmente a levou a cometer o crime Tom."
“Mas e a mãe?”
“Bem o delegado acredita ter sido uma fatalidade, estar no lugar errado na hora errada mas isso é algo que nunca saberemos a única que poderia nos contar é a Lydia mas segundo a policia ela não se lembra de nada, o medico responsável afirmou que ela sofreu uma bloqueio mental devido ao trauma por isso não se lembra de nada.”
“Triste fim para uma menina de 12 anos. Mas vamos falar de coisas boas, fiquem agora com essa musica do Oasis enquanto refletimos o que poderá ter ocorrido naquela noite essa definitivamente será uma historia que marcara Windsor. Bom dia população voltamos já com mais Song´s Life.”
Ao som de Oasis Lydia viu da janela do fundo do carro a placa com os dizeres “Você esta saindo de Windsor, volte sempre” se afastar. Ela não se lembrava de nada e não queria lembrar, mas de uma coisas ela tinha certeza.
“Eu matei o monstro.”
Luciana,m tô impressionada em como você escreve bem! Amei sua crônica e amei a história! Você tem muito talento e com certeza compraria um livro teu! Parabéns pelo blog e por esse dom incrível! Muito sucesso.
ResponderExcluirObrigada moça, fico feliz que tenha gostado da crônica e mais feliz ainda em saber que compraria um livrinho meu haha quem sabe um dia não é mesmo, um beijo moça!
ExcluirUal! Nunca tinha lido uma crônica num blog, amei conhecer o seu! Você escreve incrivelmente bem, por que não escreve um livro? Vai fazer o maior sucesso! Sério, meus parabéns! Quero ler outros, viu?
ResponderExcluirUm beijo,
eililian.blogspot.com.br
Penso sim em publicar um livro, quem sabe um dia não é mesmo? Fico muito feliz em saber que tenha gostado, você é uma fofa e seja sempre bem vinda moça, um beijo!
ExcluirNunca tinha visto um blog de cronicas é a minha primeira vez e nossa, meus parabéns! Que blog maravilhoso e que escrita, que é simplesmente incrível! Espero que siga uma vida de escritora pois você vai se dar muito bem viu! Muito sucesso! ♥
ResponderExcluirOlha que Deus te ouça viu? Obrigada de coração, fico muito feliz em saber que tenha gostado e seja sempre bem vindo moço, um beijo!
ExcluirGuria, tu é cria de Edgar Allan Poe? Hahahaha sua crônica me lembrou muito o conto Coração Delator, do Poe. Principalmente pela parte do "tic tac" e a tensão que senti ao ler tal crônica. Você escreve muito bem, texto bem coerente, meus parabéns! Muito sucesso pra você, beijos.
ResponderExcluirOlha seria uma honra ser filha do Poe pois eu amo aquele cara haha muito obriga moça, a comparação encheu de gratidão meu coraçãozinho e você é uma fofa, fico feliz que tenha gostado e seja sempre bem vinda, um beijo!
ExcluirAdorei o estilo do seu blog, muito mesmo! Adoro ler crônicas e a sua está simplesmente magnífica! Muito bem escrita e, por favor, continue assim <3
ResponderExcluirObrigada moça, me deixa muito feliz saber que tenha gostado da crônica e tentarei continuar pode deixar haha um beijo viu!
ExcluirVocê escreve muito bem e a sua crônica me fez querer até mais. Fiquei lendo encantada. O blog é lindo também. Sucesso.
ResponderExcluirObrigada moça, fico feliz que tenha gostado do blog e da minha pequena crônica, em breve terá mais por aqui e seja sempre bem vinda, um beijo de luz!
ExcluirOlá!
ResponderExcluirMenina tô aqui de boca aberta! A senhorita tem um senhor talento com as palavras, meus parabéns! Creio que é o tipo de leitura que compraria com certeza!
bjs e parabéns
Inajara
www.vintageandgeek.com.br
Olha moça muito obrigada pelo elogio enche meu coração de gratidão saber que tenha gostado da minha pequena crônica, seja sempre bem vinda sua linda, um beijo!
ExcluirNossa que texto maravilhoso, amei sua crônica❤ Você escreve super bem! Já pensou em escrever um livro? Tem um aplicativo que se chama Wattpad ele é ótima para postar livros♥
ResponderExcluirEsse eu conheço Gabriel super amo ele e já pensei sim em escrever um livro e pretendo colocar o projeto em prática logo de preferencia, fico feliz que tenha gostado e seja sempre bem vindo moço, um beijão!
Excluirque amor seu bloguinho e suas crônica. Adoraria ler suas crônicas em livros físicos. Sabe aqueles que deixamos no criado-mudo? Eu sou bem old school hahaha. Você deveria pensar em escrever mais e mais e publicá-las. Tenho certeza que muitas pessoas ficariam encantadas.
ResponderExcluirAh que linda você, enche meu coraçãozinho ler esse seu comentário, quanto ao livro bem até tenho projeto quem sabe um dia não é mesmo, obrigada moça e um super beijo!
ExcluirVocê escreve muito bem. a Cronica conhece o app do wattpad? eu tenho livros por lá e acho que lá vc terá mais público. Sucessos mana!!!
ResponderExcluirAh obrigada moça, até conheço e tenho até conta mas não sei se teria essa coragem haha quem sabe um dia, um beijo moça!
ExcluirAcho que você precisa desenvolver um livro. Que escrita maravilhosa. Não é o primeiro texto que leio e me apaixono. Miga vá atrás que você tem o dom! 😍💕
ResponderExcluirAin que linda você, obrigada viu, enche meu coraçãozinho de gratidão e amor ler um comentário como o seu, seja sempre bem vinda sua linda e um beijo!
ExcluirUau,que incrível :D
ResponderExcluirNo começo me lembrou um pouco o livro Sete Minutos Depois da Meia Noite,mas tomou um rumo completamente diferente e inesperado,acho que eu nunca teria pensado em nada assim,a escrita me prendeu de forma muito positiva :D
Adorei <3
Beijos ^.^
Little Wonders
Ainda não tive a oportunidade de ler esse livro, mas quem sabe um dia, fico feliz que tenha gostado moça, um beijo!
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