O gotejar de uma torneira mal fechada era o único som que se estendia ao longo da casa agora silenciosa, quem pudera dizer que até pouco tempo ela estava barulhenta repleta de um turbilhão vindo de uma mente inquietante. Ela enfim, transbordou. Derramou tudo o que dele vinha durante um longo tempo, derramou tudo que pesava nela, derramou todo o excesso da vida.
O antigo piso de freixo trazia marcas de tempos difíceis, de noites em claro e de longos diálogos mal resolvido. A pia da cozinha rachados de discussões e empurrões resultados em longas noites em um hospital, na mesa duas xícaras pela metade, metade café e metade amargura, um velho carpete da sala ainda estendido em um varal do lado de fora com uma enorme manche de vinho de uma reunião que não acabou nada bem.
Ao longo da casa silêncio, tudo que se podia ouvir era do gotejar de uma torneira mal fechada no banheiro do andar de cima, onde ela derramara, derramara todas as noites mal dormidas, todas as brigas, todas as lagrimas, todas as angustias, onde ela derramara tudo o que vinha dele e que caia nela, tudo que a encharcava, tudo que á afogava.
Mas não derramou como um copo virado na mesa, ou como uma mangueira no jardim, não derramou como aquela cachoeira que deságua naquele rio, não ela não derramou assim, pelo contrário derramou para sempre, com fim, derramou até a ultima gota, até não ter volta e não ter como salvar o liquido perdido. A casa silenciosa estava ficando barulhenta novamente, uma mistura de gotejar com sirenes.
"Ela enfim, transbordou" Olha, essa frase definiu bem o que ta acontecendo comigo e até gosto <3
ResponderExcluirMuito lindo seu blog *-* beijooos
Ah obrigada flor, fico feliz que tenha gostado e espero que essa fase passe, beijoss!
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